CARDEAL DANIEL FARRELL DINARDO

POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
ARCEBISPO-METROPOLITANO DE SÃO PAULO E PRIMAZ DO BRASIL

Aos Exmos. Srs. Bispos Auxiliares, Revmos. Padres

Estimados irmãos,

Havendo o Eminentíssimo Cardeal Camerlengo lavrado o Decreto de Consumação do Pontificado de S.S. o Papa Augusto, desde as 23h30 de 23 de Dezembro tornou-se oficial a renúncia do Santo Padre ao Ministério Petrino de Bispo de Roma.

Conforme comunicado da Santa Sé e por vontade do Pontífice, o Papa Augusto receberá o título de Papa Emérito ou de Romano Pontífice Emérito. O nome dos bispos eméritos não é pronunciado nas Orações Eucarísticas e a razão é simples: não se trata apenas de um gesto de piedade, de uma oração deprecatória, mas de um ato que atesta nossa comunhão com o pastor da Igreja local e, neste caso específico, da Igreja universal.

Portanto, seguindo o que prescreve a disciplina da Igreja e o direito particular, no uso de nossas atribuições fazemos conhecer as normativas litúrgicas que devem ser observadas em todo o território da Arquidiocese de São Paulo durante a Sede Vacante até que, iluminados pelo Espírito Santo, o Colégio de Cardeais proceda à eleição do Bispo de Roma.

I. A menção do nome do Papa na Oração Eucarística

A intercessão pela Igreja na Oração Eucarística busca estabelecer uma comunhão com a Igreja Universal, rezando-se pelo Bispo de Roma, e com a Igreja particular, rezando pelo Bispo Diocesano.

Não se deve rezar pelo Colégio dos Cardeais ou pelo Camerlengo, porque nenhum deles governa de fato a Igreja de Roma, apenas a administram até a eleição do novo Papa. Portanto, omitimos a oração pelo Papa e rezamos única e exclusivamente pelo Bispo Diocesano.

Assim, as Orações Eucarísticas deverão ser rezadas, a partir do dia de hoje, 24, da seguinte forma:

I. OE I: (...) que oferecemos, antes de tudo, pela vossa Igreja santa e católica: concedei-lhe paz e proteção, unindo-a num só corpo e governando-a por toda a terra, em comunhão com vosso servo o Papa N., o nosso Bispo N., e todos os que guardam a fé católica que receberam dos Apóstolos.

II. OE II: Lembrai-vos, ó Pai, da vossa Igreja que se faz presente pelo mundo inteiro: que ela cresça na caridade, com o Papa (N.), com o nosso Bispo N., os bispos do mundo inteiro, os presbíteros, os diáconos e todos os ministros do vosso povo.

III. OE III: Confirmai na fé e na caridade a vossa Igreja que caminha neste mundo com o vosso servo o Papa N. e o nosso Bispo N., com os bispos do mundo inteiro, os presbíteros e diáconos, os outros ministros e o povo por vós redimido.

IV. OE IV: E agora, ó Pai, lembrai-vos de todos pelos quais vos oferecemos este sacrifício: o vosso servo o Papa N., o nosso Bispo N., os bispos do mundo inteiro, os presbíteros, os diáconos, e todos os ministros da vossa Igreja, os fiéis que, ao redor deste altar, se unem à nossa oferta, o povo que vos pertence e aqueles que vos procuram de coração sincero.

V. OE V: Dai ao vosso servo, o Papa N., ser bem firme na fé, na caridade, e a N., que é Bispo desta Igreja, muita luz para guiar o vosso Povo.

Ao ser eleito um novo Papa, seu nome passa a ser invocado na Oração Eucarística a partir do momento do seu anúncio público, feito pelo Cardeal Protodiácono.

O nome do Papa é omitido igualmente na Bênção do Santíssimo Sacramento, na oração pela Igreja e pela pátria, de forma que passa a ser adotado o seguinte formulário:

“Deus e Senhor nosso, protegei a vossa Igreja, dai-lhe santos pastores e dignos ministros. Derramai as vossas bênçãos sobre o nosso (Arce)Bispo (e seu Bispo Auxiliar/ Bispos Auxiliares)...”

II. Da Missa pela Eleição do Pontífice

É vivamente recomendado que se celebre a Santa Missa utilizando-se deste formulário, uma ou mais vezes, durante a Sede Vacante. Contudo, para esta celebração deve-se observar as normas litúrgicas do Calendário Romano:

Permitida apenas com autorização do Arcebispo: Nos domingos do Natal, nos dias de semana do Advento de 17 a 24 de Dezembro e durante a oitava do Natal.

Como entramos no tempo litúrgico do Natal, a Missa pela Eleição do Papa somente poderá ser celebrada, no território da Arquidiocese de São Paulo, a partir do dia 26 de Dezembro, nos dias de semana, devendo, aos domingos, ser observado o formulário próprio do Tempo Litúrgico. Não obstante, podemos utilizar seu rico formulário para nossa oração pessoal ou para uma intenção da Oração dos Fieis:

Antífona de entrada (1 Sm 2, 35)
Farei surgir um sacerdote fiel, que agirá segundo o meu coração e minha vontade. Eu lhe darei uma casa que permaneça para sempre e ele caminhará na minha presença todos os dias.

Oração do dia
Ó Deus, pastor eternos, que governais o vosso rebanho com solicitude constante, no vosso amor de Pai concedei à Igreja um pastor que vos agrade pela virtude e que vele solícito sobre nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Sobre as oferendas
Ó Deus, sede compassivo para conosco, e dai-nos, pelas oferendas que vos apresentamos, a alegria de ver à frente de vossa Igreja um pastor do vosso agrado. Por Cristo, nosso Senhor.

Antífona da comunhão (Jo 15, 16)
Fui eu que vos escolhi e enviei para produzirdes fruto, e o vosso fruto permaneça, diz o Senhor.

Depois da comunhão
Refeitos, ó Deus, pelo sacramento do corpo e do sangue de vosso Filho, dai-nos a alegria de possuir um pastor que dirija o vosso povo no caminho da virtude e faça penetrar em seu coração a verdade do evangelho. Por Cristo, nosso Senhor.

Que, por intercessão de Nossa Senhora e São José, o Menino Jesus, nosso Salvador, que nasceu no mundo hoje para nós, acompanhe-nos também na expectativa do próximo Pontífice que Deus enviará à Sua Igreja.


São Paulo, 24 de Dezembro de 2024.


Cardeal Daniel Farrell DiNardo
Arcebispo Metropolitano de São Paulo e Primaz do Brasil